Daniela Menti

Eu tenho um carinho muito grande pelo Peru (sem trocadilhos), por que foi a primeira viagem que fiz com meu pai. Chegamos em Cusco às 4 da manhã já sentindo o efeito da altitude. Quer dizer, eu estava morrendo, meu pai não sentiu nada. Já cheguei no aeroporto com a cabeça estourando e meu nariz sangrando, uma cena muito linda.

Como viajamos logo após a Páscoa, nossa passada por Cusco coincidiu com um dos mais importantes festivais peruanos: A celebração do Señor de los Temblores.

Pelas ruas de Cusco

A praça de Cusco estava toda enfeitada com flores e bandeiras, é um festival muito bonito pois nota-se a claramente a fusão das religiões andinas e do cristianismo. Mesmo a Catedral de Cusco foi construída próximo a um antigo templo inca.

Durante o século 17, o rei da Espanha recebeu relatos de que povos indígenas ainda estavam adorando o deus do sol deles, Inti (‘sol’ em Quechua). Com isso, ele enviou uma imagem de Cristo para que este passasse a ser adorado. A imagem é diferente das representações ocidentais e esta tem pele negra, para que o povo consiga se identificar com ele.

Foto: Wiki Commons

Em 1650 aconteceu um grande terremoto que destruiu parte da cidade. Relatos locais falam que a imagem parasse com os desabamentos livrando-os da destruição. O Cristo negro foi creditado como o salvador da cidade. Então, em 1720, a estátua foi creditada como responsável por aliviar uma praga de Cusco e se tornou o santo patrono de Cusco.

Segundo a tradição, dentro da catedral de Cusco, os santos se reúnem na parte central da igreja na época de Corpus Christi e mandam os anjos para outra sala, pois estes não deveriam ficar com os adultos durante reuniões importantes. Então o Senhor dos Temblores chega e pede para sua mãe, Maria de Belém, autorização para começar a reunião que decidirá o futuro do Peru no próximo ano. Infelizmente não é possível fotografar a igreja nesta época.

Catedral da Virgem da Assunção

Outra curiosidade dentro desta igreja é o quadro da Última Ceia,  pintado pelo artista cusquenho Marcos Zapata em meados de século XVII. Judas Iscariot foi representado como Fransisco Pizarro, o temido conquistador do Peru que submeteu o império Inca aos colonizadores espanhóis.

Última Ceia onde Pizarro é representado na figura de Judas Scariot

 

A celebração do Senhor dos Temblores foi declarada um patrimônio cultural oficial do Peru em 2007. Se você estiver em cusco na época da Páscoa, ou de Corpus Christi, você vai ver duas procissões gigantescas, onde as pessoas vão as ruas acompanhar as imagens dos santos, levando flores de sálvia (ñucchu) que era usada como oferta aos deuses antigos Kon e Wiracocha, hoje faz parte da coroa de espinhos do Senhor dos Tremores.

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