Teste de sobrevivência em Dar Es Salaam
Não sabia que a Tanzânia iria trazer o choque cultural que não vimos nos outros países da viagem pela África. Chegamos em Dar Es Salaam, capital do país, no final do dia. O aeroporto da cidade é um pouco caótico. Primeiramente, você deve preencher um formulário de visto antes de passar pelo controle de passaporte que será entregue ao fiscal junto com a carteirinha de vacinação atualizada com a vacina da febre amarela, e claro, a taxa de visto de entrada de 50 dólares. São registradas todas suas impressões digitais na hora, eu estava tão nervosa que o aparelho não reconhecia as minhas. Sentimos falta dos sorrisos e das brincadeiras dos seguranças sul-africanos. Passada a tensão da entrada, seguimos pelo aeroporto em direção a saída. Infelizmente não rolou dormir no aeroporto. Eu já tinha lido que ele não é muito aconselhável, e realmente, não me senti muito segura no local. Acho que se você for mulher principalmente e estiver viajando sozinha, acredito que seja melhor ficar num hostel.
Aqui começou o rebuliço: uma onda de taxistas desesperados por turistas apareceram do nada. Foram uns 20 que chegaram já querendo puxar nossas malas e nos levar, inclusive eles já sabiam o hostel que iriamos, inacreditável. Por fim, nos desvencilhamos daquele monte de taxistas e tentamos caminhar para o lado de fora. Impossível. Desistimos e acabamos indo com um deles. Já conhecia o golpe dos taxistas, (obrigada Grécia). Combinamos valor antes depois de muito discutir e finalmente partimos.
O hostel que ficava a 10 minutos do aeroporto. Parecia que eramos os únicos turistas por ai. As mulheres cobrem o corpo com as vestimentas islâmicas, só que extremamente coloridas, influência da cultura Hindu. Uma mistura de Saris com Hijaabs. As meninas usam o véu desde os 4/5 anos de idade e faz parte do uniforme escolar.
Existem voos diretos para Zanzibar partindo de Port Elisabeth, mas é claro que no dia que iriamos não tinha, por isso tivemos que dormir em Dar Es Salaam. De lá, existem dois jeitos para chegar na ilha, ferry boat ou um voo que é feito num avião “teco-teco”. É um pouco mais caro, mas se comprado com antecedência ele sai mais barato que o barco, e leva apenas 30 minutos.
Bom e qual foi a aventura em Dar es Salaam?
Depois de toda novela com os taxistas, já era de noite e a vizinhança não parecia muito amigável pra sair procurando algum local aberto. O que restava nas nossas mochilas era um pacote de barras de cereal sem gosto que compramos na África do Sul ainda.
Os valores dos hostels em Dar Es Salaam próximo ao aeroporto são abusivamente altos comparando com os países anteriores. A única opção foi um hostel a 10 minutos do aeroporto que tinha apenas um quarto de casal. Estávamos em três pessoas, façam as contas. Eu e um dos meninos entramos como um casal, enquanto nosso outro amigo ficava lá fora esperando para que infiltrássemos ele. A situação foi surreal, por que no momento em que entramos parece que alguém desligou a luz do dia e anoiteceu em questão de 5 minutos. O esperto do nosso amigo estava com uma camisa do grêmio e em questão de 2 minutos juntaram umas dez pessoas querendo saber quem ele era e o que ele tava fazendo ai.
Por fim conseguimos descer, e subir com ele meio que escondido, ficamos os 3 no mesmo quarto jantando cereal sem gosto. Por sorte foi apenas uma noite, o vôo era às 7 da manhã. Graças aos deuses africanos nosso quarto tinha ar condicionado que funcionava, pois fazia um calor de outro mundo.
Ainda o moço da recepção foi tão gentil que nos emprestou adaptadores sem cobrar nada. Não recomendo infiltrar amigos no seu quarto, mas era um caso de urgência, pois não tinha como dormir no aeroporto. Mas passado o susto, saímos cedinho, era outro recepcionista que não notou nada suspeito, e partimos com nossos mochilões. Em meia horinha chegaríamos no nosso destino tão esperado: Zanzibar.