Projeto Rondon – Uma real troca de aprendizado
A Tainara Gobetti participou durante sua graduação no o Projeto Rondon, e realizou ações no estado de Rondônia
O Projeto Rondon é desenvolvido pelo Ministério da Defesa, em parceria com governos estaduais, municipais e Instituições de Ensino Superior públicas e privadas contribuindo para a formação do jovem universitário como cidadão e para o desenvolvimento sustentável nas comunidades carentes.
A operação que participei foi denominada Operação Mamoré, com intervenção na região amazônica do estado de Rondônia (RO). A minha equipe de atuação foi formada por estudantes e professores das áreas de medicina, serviço social, edição física, direito e nutrição.
Todas as nossas atividades foram elaboradas pensando na realidade daquela região de floresta Imagine uma realidade que primeiramente não conhecíamos deu início assim ao primeiro desafio.
Para auxiliar na elaboração das intervenções, um dos professores responsáveis pela nossa equipe viajou ao local, nossa base em Rondônia, que foi uma pequena e charmosa cidade chamada Mirante da Serra. Esta visita foi essencial para enriquecer nossas ideias e fornecer os detalhes da área e da situação social local.
Depois disso, lá se foram muitos finais de semana de trabalho para elaboração de cursos, palestras, workshops, gincanas, campeonatos, etc. Ahhh organizamos inclusive uma Festa de São João com direito a quadrilha para arrecadar fundos para a APAE de Mirante da Serra.
Todas as atividades foram focadas para o desenvolvimento local sustentável e na construção da cidadania ativa. As atividades incluíram todas as faixas etárias e diversas áreas de interesse.
Trabalhamos duro antes da partida, inclusive juntamos doações de roupas, alimentos, medicamentos, cadeiras de rodas e livros, assim, antes da nossa chegada a Mirante da Serra, a comunidade foi presenteada com um caminhão cheio de donativos arrecadados por 2 meses de campanha em Caxias do Sul e região.
A vigem pra Rondônia logo começou com aventura, viajamos a Porto Velho em uma aeronave das forcas armadas, chegando em Rondônia fomos recebidos pelo exercito brasileiro que nos treinou para a sobrevivência na selva, onde aprendemos como encontrar água potável, alimentos, construir acampamento na selva, fazer fogo e como identificar animais perigosos típicos da floresta amazônica. Depois, seguimos viagem para a região de intervenção, onde foram mais algumas horas de busão ao (7 horas na verdade).
O meu primeiro impacto foi ao sobrevoar a floresta amazônica e ver com os meus próprios olhos a devastação da floresta, são áreas de desmatamento ilegal a perder de vista, muitas vezes para a criação de gado de exportação. Isso realmente me chocou e me fez pensar muito sobre o futuro da floresta e das comunidades amazônicas, pensar que toda a riqueza e biodiversidade local vão realmente acabar e mais rápido do que imaginamos.
Em Mirante da Serra fomos recebidos de braços abertos pela comunidade que preparou uma recepção com cartazes de boas vindas, comida típica, boa musica, sorrisos e claro a recepção envolveu muito calor (41 graus) e muuuitos mosquitos, este foi o Desafio 2.
Logo no segundo dia começamos nossas expedições para o desenvolvimento das atividades planejadas. Eu basicamente foquei em ações de alimentação saudável, reaproveitamento de alimentos, higienização de alimentos, elaboração de dietas e receitas e atenção nutricional nos diversos ciclos da vida. Foram muitas atividades aplicadas, bastante trabalho, mas o reconhecimento era evidente e também a nossa satisfação em trabalhar por esta causa.
O contato com as comunidades isoladas, a cultura indígena e a simplicidade da vida das populações ribeirinhas foi mágico para mim. Fui para o Projeto Rondon para “ensinar”, mas, quem aprendeu fui eu, certamente.
Aprendi muito sobre os rituais locais de saúde, preparação da terra para o plantio, respeito com a natureza e os animais. A vida parecia tão mais fácil por lá, mesmo com todas as limitações nos serviços públicos, hospitais sem estrutura nenhuma, postos de saúde com equipamentos desatualizados, poucos medicamentos, escolas sucateadas e estradas impossíveis de se trafegar. Mesmo assim o sorriso no rosto das pessoas era presente em 99% do tempo, pode isso?
As crianças são extremamente vivazes, ainda pulam corda, amarelinha, jogam bola, pião, queimada, brincam na lama e todas essa brincadeiras que quase não existem mais nas capitais, é lindo ver a infância como deve ser. Os idosos buscando qualidade de vida nos grupos locais, onde eles se reúnem para fazer artesanato, dançar e contar causos, também, não posso deixar de citar a disponibilidade de aprender e compartilhar conhecimentos da população local.
Também foi inesquecível o contato com a natureza intocável, os animais, inclusive os peçonhentos (passei sem duvidas por alguns momentos de medo), velejar pelo rio Madeira vendo as acrobacias dos botos cor de rosa, admirar todos os dias o nascer e o por do sol rodeada de pessoas maravilhosas, viver a diversidade cultural desse nosso Brasil, aprender a esquecer da tecnologia e o relógio (mesmo que por alguns dias), enfim, tudo isso fez dessa viagem uma experiência única, uma lição de vida.
Sempre fui ligada a ações solidárias e trabalho voluntário, mas ser um Rondonista com certeza me marcou muito, uma ação no meu próprio país, esse país riquíssimo em cultura e diversidade que amo demais.
Texto por: Tainara Gobetti
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