Daniela Menti

Não vou mentir, Sofia me assustou no início. Antes de eu começar a indicar os principais pontos turísticos da capital búlgara, é preciso entender como eu cheguei aqui. Sofia não estava no meu roteiro dos balcãs a princípio, mas um amigo que morou lá falou tanto que resolvi dar uma chance. Eu queria ir da Macedônia até a Romênia, então parar em Sofia para descansar era questão de obrigatória.

Saí de Skopje, capital da Macedônia, num ônibus pinga-pinga que levava umas 7 horas para chegar até o destino final, mas pulando esse perrengue, cheguei na estação central de Sofia às 04 da manhã. A estação é bem grande e moderna, porém estava muito escuro para ir andando até o hostel que ficava 40 minutos a pé dai, resolvi tirar um cochilo no banco da rodoviária, afinal não dormi nada no busão. Eis que acordo uns 20 minutos depois com uma polícial bulgara chocadíssima que eu estava dormindo ai, e em nenhum momento ela conseguiu entender que eu o porquê de eu estar lá. Resolvi enfrentar o caminho do hostel no escuro mesmo com uma amiga que estava junto, e ao contrario de mim, tem senso de localização em bom funcionamento.

O que vimos foram prédios gigantescos, e muitos, mas muitos cassinos, mas a caminhada até o hostel foi longa e tranquila. Como a recepção era 24 horas, chegamos lá de madrugada e dormimos até a hora do check-in na recepção mesmo. O hostel foi o Hostel Mostel Sófia, e foi IN-CRÍ-VEL, recomendo.

Descansadas do perrengue de chegar até ai, reservamos um Free Walking tour, optamos pelo Free Sofia Tour. Se você tiver poucos dias na capital búlgara, acredito que este é o jeito mais prático de conhecer um pouco da história desse lugar. Valeu muito a pena, nosso guia era bem jovem e muito entusiasmado para explicar cada coisinha.

O que conhecer em um dia? 

Jardins da Cidade

Tive sorte de conhecer Sófia no verão e ver os jardins floridos e cheios de gente. Eles ocupam uma extensa área nos arredores do Teatro Nacional Ivan Vazov, onde acontecem várias exposições de arte no verão.

Teatro ao fundo

Tire um tempo para andar sem rumo por aqui, mas preste atenção nas árvores e você vai se surpreender com esta antiga tradição:

Martenitsa e Braceletes da Amizade

Se você prestar atenção, muitas árvores estarão com penduricalhos, Estas cordinhas são braceletes da amizade. Os jovens os fazem no início do inverno, inclusive o guia ensina como fazer, e quando chega a primavera, estes braceletes devem ser pendurados em árvores como comemoração.

Também encontra-se pompons coloridinhos, parecendo puxadores de cortinas, mas estes pequenos adornos típicos do país são servem para, segundo as tradições, afastar os males que vinham com o inverno.

Martenitsa

Rotunda de São Jorge 

Dentro do prédio da presidência, que tem entrada liberada, fica a Rotunda de São Jorge. É uma igreja bem diferente, construída com tijolos de barro, obra feita pelo antigo Império Romano ainda no século 4. É possível fazer uma visitação interna, mas acredito que seja paga.

Rotunda São Jorge

Praça Nezavisimost

Bem no centro de Sofia fica a praça Nezavisimost, onde se encontram três prédios enormes onde costumava ser a Sede do Partido Comunista Búlgaro, inclusive, você pode fazer o tour Comunista que é oferecido pela mesma empresa que eu fiz o Free Walking Tour, porém achei caro e não fiz. Viram a ironia? Estes prédios hoje são usados pelo governo do país e também por lojas caríssimas e um hotel de luxo. Sentiu a ironia de novo?

Fonte: Wikimapia

Boulevard Maria Luiza

É nesta região que encontra-se a famosa estátua de Santa Sofia, padroeira da cidade. Erguido em 2001, o Monumento de Santa Sofia fica no mesmo lugar do antigo monumento de Vladimir Lenin. Sofia tem nas mãos os símbolos da fama e da sabedoria, e usa a coroa de Tjuhe, a deusa do destino. A estátua pode ser considerada também como um marco de tolerância, pois ao seu redor encontram-se templos de várias religiões.

Estátua de Santa Sofia

De um lado a única mesquita em funcionamento em Sofia, a Banya Bashi, construída em 1576, durante a dominação turca. De outro, a Sinagoga de Sofia abriga um museu que conta a história de como os Judeus Búlgaros foram salvos do Holocausto. Também encontra-se a A Igreja ortodoxa de St Nedelya que foi construída no século X. Haja aula de história por aqui.

Igreja Ortodoxa Oriental

Soldados Cegos de Clídio 

A história destas estátuas me assustou, e eu nunca tinha ouvido falar sobre. A batalha que leva o nome, foi travada em 29 de julho de 1014 entre o Império Búlgaro e o Império Bizantino. Basicamente, Basílio II cegou todos os prisioneiros da batalha e não os matou, mas cegou-os e enviou-os de volta. O rei, ao ver tantos de seus homens naquele estado teve um ataque cardíaco e faleceu. As estátuas são de arrepiar.

Soldados Cegos

Catedral Aleksader Nevsky 

O último ponto da caminhada é a Catedral Aleksander Nevsky, a maior igreja ortodoxa do mundo! A catedral foi  construída em agradecimento ao povo russo pela ajuda na Independência contra o Império Turco Otomano e leva o nome do grande líder russo.

Catedral Aleksander Nevsky

A visita interna é gratuita, apenas a visita às criptas é paga. A estação de metrô mais próxima é a Sv. Kliment Ohridski, que fica a uma caminhada de cinco minutos da catedral. . A catedral fica a uma curta caminhada de outras atrações principais da cidade. Entre eles estão a Galeria Nacional de Arte Estrangeira e a Biblioteca Nacional da Bulgária.

Esse tour durou toda manhã, e deu pra ver muita coisa. Se você se aventurar pelo metrô (cuidado que ele está em cirílico) você pode visitar as ruínas romanas que foram encontradas durante escavações e foram preservadas no metrô mesmo, vale a passadinha por lá para conferir!

A bicha é grandona

Eu não esperava me surpreender com esta cidade e me arrependo não ter ficado mais por lá. Tem passeios de bate-volta para as montanhas e para as praias banhadas pelo mar-negro, então, se estiver pensando em conhecer o lugar, programe uns dias a mais.

E aí, curtiu as dicas?

 

 

Os comentários estão fechados.