Daniela Menti

Eu tenho uma certa implicância com a Romênia, por ter sido o último país do meu mochilão pelos Bálcãs. Depois de passar 20 dias pegando ônibus de madrugada, desvendando tabelas de transporte público e dormindo no chão eu já estava um pouco cansada, e essa é a porta de abertura para certas coisas começarem a dar errado. Mas vamos aos fatos, a região da Transilvânia na Romênia é incrível.

Toda a Romênia, bem como a região da Transilvânia foi dominada pelos mais diversos povos ao longo dos tempos. Romanos, Búlgaros, Húngaros e Otomanos já reinaram no atual país. A belíssima cordilheira dos Cárpatos, delimita parte do território. Dentre os principais figurões que passaram pelo país, você certamente conhece um deles: O Imperador Vlad Tepes. Reza a lenda que o bonito passava seu tempo empalando os prisioneiros de guerra e colocando em exposição ao longo dos caminhos do reino. Entre outras atrocidades e torturas, foi atribuído a figura de Vlad, o ritual de beber sangue. E foi ai que temos o nascimento do famoso romance de Bram Stoker: Drácula.

Recomendo a quem for fã de história e da história de Vlad Tepes, o Nerdcast “Drácula: História e Mito”

Em agosto de 2016 tive a oportunidade de conhecer essa região, e hoje, gostaria de ter passado mais tempo por lá. Primeiro, todos os trajetos foram feitos de ônibus e trens. Vale lembrar que os trens atrasam muito! Achei bem complicado encontrar informações sobre os transportes, inclusive, levei um belo de um esporro de uma atendente do guichê de informações que claramente estava de saco cheio das pessoas pedindo ajuda. Utilize os seguintes sites para organizar seu roteiro: CFR (companhia de trem oficial da Romênia) e Autogari.ro (horários de ônibus).

Cheguei de Sofia, na Bulgária em Brasov. Brasov é a cidade ideal para você utilizar como base para visitar as outras cidades próximas.

Brasov

A cidade não é pequena, e o seu centro histórico dá a impressão de que você está numa cidadezinha medieval, inclusive, você vai encontrar diversas características de uma arquitetura alemã, graças a dominação germânica que o país também passou. O Centro histórico de Brasov é muito bonito, com diversos prédios coloridos cheios de história.

Uma curiosidade muito legal de Brasov é que aqui, onde se encontra o letreiro de Brasov, Vlad Tepes  destruiu a cidadela e praticou sua atividade favorita: empalou 40 mercadores germânicos no topo da montanha.

Não deixe de conhecer os bizarros sex shops que ficam escondidinhos entre as vielas, são uma experiência a parte. No final das tardes de verão a Praça Central fica lotada de artistas dançando, cantando e fazendo acrobacias, é um ótimo local para relaxar.

Fiquei hospedada no centro histórico no hostel Centrum House Hotel, bem organizado e limpinho.

Centro histórico de Brasov

Sinaia

De Brasov à Sinaia, pegando o trem cedinho pela manhã, são apenas 50 minutos. Sinaia é outra cidade histórica da Romênia, e lá se encontra um dos mais belos castelos que eu já vi. O Castelo de Peleș. Com arquitetura neorrenascentista, nas montanhas dos Cárpatos, o imponente castelo precisa ser visitado.

Seu exterior é lindo, se puder, faça a visita guiada. Fique atento, é preciso pagar uma taxa para fazer fotos. Eu acho um absurdo essas taxas que palácios cobram para fotografar, mas fazer o quê. Lembre-se de levar a carteirinha de estudante para pagar meia entrada.

O castelo tem também influências saxãs, que se podem observar nas fachadas do pátio interior, que têm pinturas murais alegóricas, e muitas fachadas típicas de construções da Baviera. Reserve uma manhã para conhecer o interior e fazer muitas fotos no jardim do castelo.

Leia mais: Roteiro 21 dias nos Bálcãs – Eslovênia, Croácia, Bósnia, Montenegro, Macedônia, Bulgária e Romênia

Bran

Bran me desapontou um pouco. Primeiro que peguei um trem errado que me deixou em Rasnov, pois ele quebrou (?) Até hoje não sei o que aconteceu, mas o motorista mandou todos descerem na estação e se virarem, pois não teriam mais trens naquele dia. Isso foi o que dois alpinistas da Eslováquia que falavam romeno nos traduziram. Rasnov estava sediando um festival de death/gothick metal, e estava lotada de pessoas com seus mais belos trajes góticos com direito a espartilhos, couro, coleiras e spikes. Os nossos amigos alpinistas descobriram um ônibus que seguia para Bran e nos ajudaram.

O ônibus, no calor de 40 graus, estava lotado, tivemos que andar por uns 40 minutos em pé, com uma criança que nos olhava e gritava.

O trem enguiçado em Rasnov

É preciso lembrar que o Castelo de Bran é o que o autor Bran Stoker escolheu como moradia de seu amável personagem Conde Drácula. O castelo é tecnicamente pequeno e havia uma fila quilométrica de final do verão para entrar. Ficamos na fila por quase 1 hora e ela não se moveu. Desistimos de entrar no castelo e passamos a tarde nos pequenos parques temáticos das redondezas, andando no trenzinho do terror.

Gostei muito de visitar as milhões de feiras que circulam o castelo, vendendo a mais diversa quantidade de quinquilharias e artesanatos. Comprei um mini Drácula de pelúcia.

Castelo De Bran

Bucareste: a capital da Romênia

Deixando Brasov, nosso voo de volta era por Bucareste, ficamos lá por um dia. Foi o suficiente para conhecer os principais pontos turísticos da cidade, mas eu recomendo um tempo maior para a visita nos museus, que são muitos!

Bucareste é uma cidade bem grande! Tivemos que pegar um taxi até o hostel, e claro que levamos um golpe de quase 20 euros. Eles não usam taxímetro, você precisa combinar o preço antes.

Algo me chamou a atenção em Bucareste ao caminhar pelas ruas, a quantidade de vitrines que exibem caixões. Isso mesmo, dos mais diversos tamanhos, inclusive para bebês e crianças, outlets de coroas de flores e imagens fúnebres.

Bucareste exibe marcas de guerra ainda recentes, é notável que o país sofreu intensamente com a Segunda Guerra Mundial e a perseguição aos ciganos, os conflitos constantes com a Hungria e as Guerras Balcanicas, deixaram parte da Romenia numa situação muito difícil. Os prédios bombardeados e em reconstrução são visíveis em diversos bairros de Bucareste, bem como pessoas na rua passando por dificuldades.

Em contraste a isso, você vai se deparar com os enormes monumentos, com arquitetura comunista, como o Palácio do Parlamento, um dos maiores da Europa.

Se você tiver mais tempo de viagem, recomendo estender a viagem e conhecer as praias do mar negro. Há 2h de trem saindo de Bucareste, você pode visitar a cidade de Constança, que é o maior porto do país, e estender sua viagem pelas praias do Mar Negro. Infelizmente essa vai ficar pra próxima.

Bucareste

Marcas do tempo

Divulgação do ANTI da Rihanna

 

Dicas úteis:

Não pegue Taxi. Isso é uma regra geral que eu tento usar em todas as viagens. Em 2016 o Uber não funcionava por lá. A corrupção rola solta a la Brasil, então evite golpes.

Evite a alta temporada, as filas são enormes e o calor castiga demais.

Não tente comprar passagens com antecedência, a probabilidade de você perder o trem por causa de atrasos é grande. Deixe para comprar na hora chegando um pouco antes nas estações

Preste muita atenção no seu bilhete ao andar de trem. Se você quer evitar de passar vergonha ouvindo gritos dos fiscais, procure o seu vagão correto, e vá por fora do trem. Não corra dentro dos trens, achei que fossemos ser expurgadas da face da Terra ao fazer isso.

Achei a cidade segura, mas depois do golpe do taxista fiquei com receio de tudo.

Se você estiver em grupo, vale a pena alugar carro, as estradas são boas e bem sinalizadas na maior parte dos percursos. Eu não gosto de dirigir, então me adaptei ao louco sistema ferroviário romeno.

Estude um pouquinho antes se puder sobre a história da Romênia, o país já passou por poucas e boas ao longo dos tempos, e você vai criar um carinho pela história desse povo.

Não se assuste se alguém gritar com você, não é pessoal, acho que é o jeito deles se expressarem mesmo que assusta no início (ou eu dei muito azar)

A moeda do país é o Lei e 1 euro equivale a aproximadamente 5 Leis.

 

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