Daniela Menti

Se você está montando o seu roteiro pelo Jalapão e viu que vai sobrar um tempinho, visitar a Lagoa do Japonês é uma boa opção para o seu roteiro.

A lagoa fica um pouco distante de Palmas, são aproximadamente 260 quilômetros com estradas péssimas, as quais acredito ser quase impossível fazer sem o uso de um veículo 4×4. Por medo de me perder ou ficar atolada em algum ponto desconhecido achei mais seguro comprar o passeio. Existem muitas empresas que fazem o trajeto com veículo apropriado, eu acabei fazendo com o Alex da Jalapão Extremo.

Saímos bem cedo de palmas em direção ao sul, onde levaríamos algumas horas para chegar. Os primeiros trechos são asfaltados, mas depois dos primeiros quilômetros, quando já se está fora do perímetro urbano, vemos a precariedade das estradas. Encontramos diversos caminhões atolados pelo caminho. Mas não desanime! Em alguns vilarejos pelo caminho ainda não chegou energia elétrica, sendo que o Tocantins é o estado mais recente do Brasil, tendo sua emancipação em 1988.

É possível que você já conheça a lagoa do Japonês se você for fã de novelas. Em 2017 a Globo exibiu a novela “Do Outro Lado do Paraíso”, onde parte da trama se passava nas paisagens surreais do Tocantins, principalmente na região do Jalapão. Segundo os guias, a novela influenciou bastante o fluxo turístico, o mais curioso é que o guia nos explicou que antes da exibição da novela, haviam mais gringos visitando o parque do que brasileiros de outros estados.

Do Outro Lado do Paraíso – Pedra Furada, Jalapão

A lagoa do Japonês está numa propriedade privada, e ganhou esse nome pelo fato do antigo dono das terras ter descendência oriental. Hoje para entrar no lugar deve-se pagar um ingresso de 20,00 na entrada. Decidimos passar o dia na lagoa e pegar o pôr do sol na Pedra Furada, uma região próxima.

Conforme a hora do dia, a incidência dos raios solares muda a cor da água de um verde esmeralda para um azul turquesa, algo incrível. Não se assuste com os peixinhos mordiscando os pés. Existe uma casa próximo a lagoa, que é a “administração do lugar”, lá é possível alugar boias, pés de pato, mascaras de snorkeling, sapatilhas, etc… O filho da dona no dia estava consertando um caiaque, e de tanto que eu pedi ele me levou para acessar uma caverna.

Lagoa do Japonês próximo ao meio dia
Entrada da gruta

Um braço de rio nos fundos da lagoa dá acesso à esta gruta, lá é possível apreciar formações rochosas esculpidas pelo tempo e perfeitamente integradas à vegetação. O local é bem fundo, vale a pena alugar um colete salva vidas se você não souber nadar. Depois que saí da gruta, o guia comentou que era época do acasalamento das sucuris, e alguns dias antes, foram removidas três cobras para a outra margem da lagoa pois “poderiam” assustar os turistas. Ah, se você tem medo de sapos e rãs, recomendo não ficar nas margens da lagoa, pois é cheio.

Tentando ignorar o fato que a lagoa poderia estar cheia de sucuris transando

Eu preciso comentar algo que é meio óbvio mas me dá muita raiva de ouvir certos casos. Você está no interior do Tocantins, onde não tem asfalto nem eletricidade, não espere que você vai encontrar um restaurante de luxo. Conheci um casal que falou tão mal do local que quase desisti de ir e depois entendi que eles procuravam um outro tipo de turismo. A senhorinha que cuida da administração do local prepara o almoço pro pessoal que chega, ela pediu o que a gente gostava de comer e preparou uma das melhores refeições que eu já tive. Inclusive quando chegamos, ela estava terminando de matar uma galinha, que provavelmente fez parte do nosso almoço. Fomos as únicas turistas do dia.

Triste que ela não me ensinou a receita da farofa
Antes da lagoa, tem o restaurante da Dona Minervina, mas infelizmente não cabia espaço pra mais comida.

No final do dia, partimos para a Pedra Furada voltando pela estrada que vai até a Lagoa do Japonês, cerca de 75 km, antes de chegar a Ponte Alta do Tocantins. O local conta com um maciço de arenito que foi esculpido pelo vento, água e o tempo. A parte mais bonita da pedra furada requer um pouco de esforço para subir, e no dia que visitei, havia uma colmeia de abelhas furiosíssimas com a galera. Também coincidiu de encontrarmos um ônibus de uma galera da terceira idade em excursão do SESC, que ignoravam os avisos pra não gritar perto às abelhas, acabei saindo de lá com duas picadas, mas valeu o pôr do sol.

Há 3 furos na Pedra Furada. O maior ao chegar, e os outros dois, menores, subindo a trilha das abelhas. Todos são incrivelmente fotogênicos e com uma vista incrível do final da tarde.

Infelizmente o tempo estava se armado num temporal que não deu pra ver o pôr do dol, mas foi lindo mesmo assim

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