Daniela Menti

Zanzibar foi uma descoberta! A ilha de apenas 1.666  km² pertence a Tanzânia e fica localizada nas águas esverdeadas do Oceano Indico. Conhecido como o caribe africano, você vai se apaixonar pela mistura das cores, temperos e culturas.

Zanzibar  já foi palco de dominação de sírios, portugueses, ingleses, reis da Pérsia e os sultões de Omã. Os árabes se estabeleceram na ilha entre os séculos 7 e 19 e deixaram influência na arte principalmente na música.

O ideal para esta ilha seria passar umas duas semanas, mas o tempo não permitiu.

Primeiro dia – Chegada

O primeiro dia pode ser usado para conhecer Stone Town, o centro de Zanzibar. O local é um pouco caótico, com várias barraquinhas vendendo de tudo, carnes, frutas e temperos. Muitos temperos. Você vai atrair muita atenção dos locais e principalmente dos guias turísticos que a toda santa custa vão tentar te vender o Spice Tour, que é um passeio pelo comércio dos temperos, passando por antigos pontos de comércio de escravos, e umas igrejinhas anglicanas. Confesso que me interessei, mas passei este tour para uma próxima visita, e minha volta por Stone Town foi muito rápida. Depois de algumas andadas, encontrei onde pegava o transporte público para as praias.

Mercados em Stone Town

Transfer de Stone Town até Nungwi Beach

Em todos os lugares que você pesquisar, vai parecer que Zanzibar é o paraíso da lua-de-mel. Não galera. Mesmo que todo mundo indique que você contrate um taxi por 50 dólares para te levar nas praias, eu aconselho fortemente a você descobrir o transporte público da ilha.

Os “dala-dala” que são esses caminhõezinhos todos decoradinhos podem parecer confuso de início. Bem no centro de Zanzibar você vai identificá-los, mesmo que os motoristas por muitas vezes não falem inglês, diga o nome da praia que você quer ir e ele vai dizer sim ou não.

Eu paguei o equivalente a 3 dólares por um trecho de duas horas. E depois descobri conversando com um rapaz que o preço era bem menor, mas caí no golpe turístico. O trajeto é desconfortável sim, mas você conhece todos os vilarejos ao longo da ilha. É um sobe e desce de pessoas carregando desde jarros de leite fresco, cachos de banana, baldes cheios de bolacha para vender e até pilhas de cascas de arvore secas. Foi incrível, ainda fizemos amizade com uma família que quis tirar foto nossa. Ah, vale lembrar: as mulheres usam o véu islâmico e muitas estavam de burca, se quiser evitar olhares, não saia de mini-saia. Não tive nenhum problema, mas vale o bom senso.

A mãe simplesmente jogou a criança e começou a nos fotografar! Me sentindo celebridade dentro do dala-dala

Em nenhum país que eu conheci até hoje tive uma recepção tão animada. O motorista do dala-dala que falava uma meia dúzia de palavras em inglês nos fez esperar no final da linha, para que ele chamasse o sobrinho dele que nos indicaria o caminho do hostel, já que o dono era uma celebridade local. O garoto estava muito feliz por poder praticar o inglês dele com a gente. Pela rua fomos acompanhados por cabras e galinhas soltas que passeavam tranquilamente pelas ruas.]

 

Estadia em Nungwi

Eu já contei neste post sobre como foi a estadia maravilhosa em Nungwi no hostel do Crazy Man.  Como chegamos de meio dia, tínhamos toda a tarde para conhecer a praia. O dono do hostel nos emprestou bicicletas para chegar na praia que ficava a 10 minutos de lá, mas ele insistiu que fossemos de bici.

Leia mais: Hospedagem em Zanzibar: Homeland Swahili Lodge e o Crazy Man

A vila de Nungwi vive da pesca e artesanato, o turismo ainda não é forte quanto nas outras praias, então o lugar estava praticamente vazio! Aproveitamos a tarde toda para caminhar por quilômetros de areia branquinha e água azul cristal.

eu, minha pança, e o mar de Nungwi só pra mim

Dependendo da luz do dia e da maré, a cor da água muda

Cuidado com a maré.

Uma coisa que eu havia lido antes de chegar em Zanzibar é que a maré muda com muita rapidez, e varias pessoas já ficaram ilhadas pois não prestaram atenção. O que eu não sábia é que quando a maré está muito baixa é quase que proibido entrar na água. Vi que os poucos turistas que estavam lá não se arriscavam a entrar. “Esses gringo tão louco” pensei. No primeiro “mergulho”, consegui dar uma bicuda num ouriço venenoso. O maldito cravou inteiro no meu pé, e os espinhos soltavam uma tinta preta dentro da minha pele que causava uma dor horrível. No desespero, sacudi o pé, que fez com que os espinhos quebrassem dentro da carne. Que delícia.

Saí toda fina da água, segurando a cara de dor e xingando aquele ouriço e toda família dele com o todos os nomes possíveis. Logo que estava chegando até meus amigos, dois caras enormes, me pegaram pelos braços me levando até a outra ponta da praia, pensei “agora é que vou morrer”.

Vi que várias pessoas estavam com o mesmo problema, uma das meninas estava com as costas cheia de espinhos. Um dos homens que falava quase nada de inglês começou a arrumar os instrumentos cirúrgicos pra remover os espinhos. Ele me explicou que o veneno, se não tirado logo, pode causar infecção, febre e dor por mais de dois meses. Com uma faca de osso esterilizada em querosene e uma alicate igual essas de mecânico ele cortou e arrancou todos espinhos. Vendo a minha cara de pânico falou “não se preocupa eu já fiz isso antes“. Cirurgia duvidosa feita com sucesso no meio da praia pelo custo de 2 dólares.

Quase perdi o pé, mas mergulhei o mesmo

Segundo dia – Nungwi

No segundo dia em Nungwi, meu pé doía mas era aguentável, contratamos um passeio de barco e snorkel até Kendwa. Conseguimos um preço muito abaixo do normal, graças aos contatinhos do dono do hostel. Custou menos de 15 dólares, e durava 4 horas, com direito a frutas e sucos no barco.

Kendwa é muito turística, e tem vários resorts na beira da praia, o que tira um pouco da beleza do lugar. O Snorkel fizemos em alto- mar e se tem 100% de visão do fundo, bem como uma variedade de peixinhos coloridos.

Pôr-do-sol em Kendwa, um dos mais lindos que já vi

Terceiro e quarto dia – Uroa Beach

Mais uma praia nada turística. Uroa foi um achado, pois a praia não é propícia para o mergulho devido a alta concentração de algas marinhas. Quando a maré baixa, é possível ver muitos locais indo colher as plantinhas para vender em Stone Town. As praias próximas a Uroa são de locais, e mais desertas ainda. No final do dia dá pra ver as crianças uniformizadas voltando da escola de pezinhos descalços. Próximo a Uroa, tem o famoso restaurante The Rock, que fica em cima de uma pedra esculpida pelo vento. Os preços são muito altos e totalmente turístico, então acabei não visitando, fiquei batendo papo com os locais que falavam inglês.

Colheita das algas

Uroa Beach

Repare este barquinho, e compare sua posição na última foto do post

Conheci uma moça, que tinha a minha idade e fazia tatuagens de henna, aproveitei pra gastar minhas últimas moedas de shilling com ela. Ela me contou que morava em Stone Town com o marido e os dois filhos. Ela olhava para os meus dois amigos e dava uns risinhos envergonhados, até que eu perguntei o que estava acontecendo. “Você é casada com os dois?” me perguntou assustada. Falei que não e que éramos apenas amigos de escola, mas ela não acreditou em mim, rindo cada vez mais envergonhada. Dava pra ver que a reação dela foi muito inocente e engraçada.

A moça com o lenço azul na cabeça que estava chocada comigo viajando junto com dois homens

O pôr-do-sol em Uroa foi outra coisa a parte! Anoitece muito tarde e o melhor que você pode fazer é curtir este paraíso. Fiquemos no Moonshine Uroa que é um hotel na beira do mar, por um preço absurdamente barato. Na época deu algo como 14 dólares por noite. Tinha piscina e espreguiçadeiras de frente pro mar. Sem falar que a dona também achou que eu era casada com os meus dois amigos e fez uma decoração “sugestiva” no nosso quarto.

Decoração “sugestiva” do nosso quarto

Como chegar:

Tem vôos de Dar el Salaam na Tanzânia a cada hora. O percurso é de 30 minutos. Dependendo o dia da semana a empresa Mango Airlines tem vôos direto de algumas cidades da África do Sul.

A moeda local é o Shiling. Muitos locais aceitam dólares americanos.

Não deixe de comer manga! O sabor é muito diferente das que temos no Brasil

Em relação a segurança, achei tudo muito seguro e não vi nenhum problema aparente em relação a isso.

Eu não conheci a parte sul da ilha pois ficaria muito corrido, mas a praia de Paje é uma das principais e a melhor para quem procura por esportes aquáticos. Se você tiver mais tempo na ilha, pode contratar um barquinho até outras ilhas mais próximas. Zanzibar é apenas uma delas num arquipélago com muitas outras ilhas menores.

O idioma é o Swahili, e você vai ouvir muito “Hakuna Matata”. Isso mesmo, a famosa frase do Timão e Pumba. Pra quem não sabe, a história do Rei Leão se passa na Tanzânia, e “hakuna matata” é a saudação deles, algo como  “não se preocupe” ou “sem problemas”. E quem é que vai ter problema num lugar como este?

Nascer do Sol em Uroa (6:00 AM) – O barquinho lá no fundo é o mesmo da foto anterior.

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